Conheça um pouco da história, trabalhos e loucuras do ator Marcos Americano.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Análise Artística de Denise Stoklos sobre "Dia dos loucos"

Marcos Americano criou um espetáculo dentro da linha Teatro Essencial.

É o primeiro que segue profundamente e sem folgas todas as propostas: o ator escreveu, dirigiu, coreografou e administrou som, luz, figurino e todas as escolhas de caminhos da peça. Os temas são de natureza investigadora política, que envolve a todos, e com a finalidade -plenamente atingida- de motivar o espectador para suas respostas a questões estruturais da sociedade.

O ator tem um talento fascinante ao apresentar voz extremamente bela e plástica, sob total controle do artista, para sua exploração afetiva entre marcantes agudos e graves, exuberantes tempos e ritmos, e, o mais importante, transparência sem interfaces de suas posições a respeito do que aborda. Seu corpo já contém instantâneo carisma pela presença que ocupa tão naturalmente. Suas dimensões físicas são privilegiadas, com flexível tronco e pernas e braços fortes e bem articulados. Sua comunicação com o público é imediata pois carrega a urgência, própria do teatro essencial, bem evidente, e trabalhando com ela demonstra as emergências em que vivemos.

Trata de assuntos que nos engloba social e existencialmente, aqueles que sistematicamente vimos desenvolver-se em constantes e traidores tentáculos que abortam nossos gestos em direção à liberdade. O espetáculo tem a proeza de não desinteressar nenhum segundo, manter em alta ebulição as questões e explícita solicitação de tomada de posição da platéia, sem uma pressão de resolução puramente momentânea interativa ou catártica sublimada, mas comprometida, integrada, comunitária.

Considero o teatro de Marcos Americano necessário! Denise Stoklos.

Interessados em Teatro Essencial: www.denisestoklos.com.br



Por que fazer "Dia dos Loucos"?


A revolução tecnológica trouxe muitos benefícios, mas acelerou o ritmo dos homens em uma exigência por performance que acarreta angústia, tabagismo, solidão, alcoolismo e altíssimas doses de stress, o que paradoxalmente prejudica a tão almejada produtividade.

Segundo dados da UNICEF, no ano de 1995 gastou-se 80 bilhões de dólares somente em armamentos, 40 bilhões foram consumidos em fumo, 25 bilhões em publicidade, 16 bilhões em cerveja, 9 bilhões em vinho e 4 bilhões em golfe quando 3,4 bilhões seriam suficientes para proteger todas as crianças do mundo.

Apesar destes números, continuamos vivos!

Com base nestes dados e na reflexão pessoal do artista sobre o que nos cerca, o espetáculo “Dia dos loucos” pretende debruçar um olhar crítico sobre a sociedade contemporânea contribuindo na avaliação das tensões e facilitando a compreensão do que esta sendo vivenciado.

Pretende-se assim, pensar o ser humano através de um manifesto teatral em forma de performance-solo, livre, leve e pesada a um só tempo, pois urge re-humanizarmo-nos. As imensas calotas polares já ameaçam derreter com o aquecimento global acelerado pela ganância irracional das desenfreadas disputas industriais. Cabe ao teatro cumprir seu papel de veículo de comunicação e fazer a sua parte.


Confira aqui algumas matérias veiculadas na mídia sobre o espetáculo








Dia dos loucos

Partindo da premissa de “O diário de um louco”, de Gogol, “Dia dos loucos” é um manifesto teatral contra a violência, o neoliberalismo, Bush-Cheney-Powel, a programação superficial da televisão e o reinado do pensamento único da imprensa, gerando conflitos, indiferença fria, solidão, revolta, fome, doenças e guerras.

A felicidade é um bem simples e pode ser alcançada. É só se abrir para o amor. Basta amar.

O texto pretende ser uma crítica da razão impura da contemporaneidade e do processo de isolamento de um ser humano soterrado pela sociedade de consumo, o mass-media e a incomunicabilidade. Ele vai enlouquecendo a medida que não aceita o atual caminhar homicida (e portanto, suicida) da humanidade. Entra em choque com seu objeto amoroso por pura incapacidade de se comunicar.

Segundo dados da FAO, nosso planeta tem condições de alimentar suficientemente 20 bilhões de pessoas. Hoje somos 6 bilhões e exatos 3 bilhões passam fome. Segundo dados da UNICEF, no ano de 1995 gastou-se 80 bilhões de dólares somente em armamentos, 40 bilhões foram consumidos em fumo, 25 bilhões em publicidade, 16 bilhões em cerveja, 9 bilhões em vinho e 4 bilhões em golfe quando 3,4 bilhões seriam suficientes para proteger todas as crianças da face da Terra. Há algo errado com a consciência humana.

É contra este estado de coisas que queremos urgir, nos rebelar, refletir, agir.

No espetáculo “Dia dos Loucos” um homem enlouquece à medida que se depara com toda sorte de absurdos: guerras, fome, consumismo nos shoppings, racismo, alienação de jovens e adultos, ditadura do mercado financeiro, etc... Em meio à sua própria loucura propõe uma nova postura em relação a tudo isso.